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Rondoniense deportado dos EUA denuncia violência dos agentes de imigração americanos; houve até rebelião a bordo do avião

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O rondoniense Vitor Gustavo da Silva desembarcou em Manaus

Vilhena, RO - O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com os primeiros brasileiros deportados dos Estados Unidos após a posse do presidente Donald Trump pousou no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, por volta das 21h de ontem (sábado, 25).

A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, estava no terminal para receber os brasileiros.

A previsão inicial era de que os 88 deportados chegassem a Confins na noite de sexta-feira (24), mas a aeronave vinda dos EUA precisou pousar em Manaus (AM) após apresentar um problema técnico. Quatro pessoas, que seguiriam para Rondônia e Roraima, decidiram desembarcar na cidade.

VIOLÊNCIA DOS AGENTES NORTE-AMERICANOS

Um desses passageiros que desembarcaram na capital amazonense confirmou o que outros deportados haviam relatado, de que teriam sido agredidos pelos agentes da imigração dos Estados Unidos. Em conversa com o portal G1, Vitor Gustavo da Silva, natural de Rondônia, disse que apanhou quando o voo chegou em Manaus.

Em uma reportagem publicada no portal de notícias UOL sobre o assunto, os relatos dos brasileiros são ainda mais contundentes: o mesmo Vitor, que tem 21 anos, disse ainda que as condições do avião eram bem ruins.

Outro deportado, Carlos Vinícius Jesus, 29, disse que os agentes queriam matá-los. "Nós que nos rebelamos contra eles, porque eles iriam nos matar. O avião parou três vezes, lá em Luisiana, no Panamá e Manaus. Nós que paramos o avião, senão ia cair tudo", afirmou à imprensa em Confins.

Jefferson Maia, outro brasileiro deportado, também falou que sofreu violência por parte dos agentes norte-americanos. Ele ficou 50 horas algemado sem água e sem acesso ao banheiro.

Inicialmente, a expectativa era de que o governo norte-americano enviasse outro avião para levar o grupo do Amazonas para Minas Gerais, mas o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, pediu um voo da FAB para o transporte.

Ele orientou a Polícia Federal a recepcionar os brasileiros, que chegaram ao país algemados, e determinou a retirada imediata das algemas.

"Ao tomar conhecimento da situação, o Presidente Lula determinou que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizada para transportar os brasileiros até o destino final, de modo a garantir que possam completar a viagem com dignidade e segurança", disse o Ministério da Justiça por meio de nota.

O avião da FAB decolou da Base Aérea de Brasília no início da tarde e pousou em Manaus às 14h45, horário local. A viagem com destino a Confins começou por volta das 16h50, horário também do Amazonas.

SEGUNDO VOO COM DEPORTADOS

Este é o primeiro voo vindo dos EUA com brasileiros deportados desde o início do novo governo do republicano Donald Trump.

Neste ano, é o segundo voo com deportados a desembarcar em Confins. O primeiro pousou em 10 de janeiro, com 100 pessoas a bordo, ainda durante a gestão do democrata Joe Biden.

Entre a noite de quinta-feira (23) e a manhã de sexta (24), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, usou uma rede social para anunciar que 538 imigrantes ilegais, de diferentes origens, já foram presos desde a posse de Trump — incluindo um suspeito de terrorismo, quatro integrantes da gangue Tren de Aragua e outros condenados por crimes sexuais contra menores.

Ela disse, ainda, que "centenas de imigrantes ilegais já foram deportados em aeronaves militares", marcando o início do que ela chamou de "a maior operação de deportação em massa da história".

"Promessas feitas. Promessas cumpridas", escreveu Leavitt.

ENTENDA

A chegada quase semanal de brasileiros expulsos dos Estados Unidos começou em outubro de 2019, durante o primeiro mandato de Donald Trump, quando o republicano apertou o cerco contra imigrantes ilegais.

Naquele ano, o então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), passou a permitir a entrada de aviões fretados com deportados, o que não acontecia desde 2006.

NOVAS REGRAS CONTRA IMIGRAÇÃO

Ao tomar posse para um novo mandato na última segunda-feira (20), o presidente americano Donald Trump anunciou uma série de medidas para restringir a admissão de imigrantes de qualquer origem.

O texto divulgado pela Casa Branca com as prioridades da gestão cita "medidas ousadas para proteger nossa fronteira e as comunidades americanas". Entre as ações elencadas, estão:

• o restabelecimento da política "Permaneça no México";

• a retomada da construção do muro na fronteira entre Estados Unidos e México;

• a punição com pena de morte para imigrantes ilegais que assassinarem americanos;

• o fim do asilo a quem cruza a fronteira ilegalmente;

• uma grande operação de deportação de imigrantes ilegais;

• o envio das Forças Armadas, incluindo a Guarda Nacional, para a área da fronteira;

• e a classificação de cartéis de drogas como "organizações terroristas estrangeiras", evocando a a Lei dos Inimigos Estrangeiros, de 1798.

Trump também declarou "emergência" na fronteira entre EUA e México, o que significa a autorização do envio de militares à região.

Ainda no primeiro dia de mandato, Trump revogou cerca de 80 decretos do governo de Joe Biden referentes ao tema da imigração. Entre ele, o que permitia a reunificação de famílias de imigrantes separadas na fronteira.




Fonte: UOL/G1

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