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Mãe de rondoniense vítima de feminicídio em cidade de Mato Grosso relembra últimos momentos de vida dela

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A jovem foi assassinada na frente dos filhos em Diamantino

Vilhena, RO - Na decisão em que pronunciou José Edson Douglas Galdino Santos pelo feminicídio de Lorrane Cristina Silva de Lima, a juíza Janaína Cristina de Almeida, da Vara Criminal de Diamantino (MT), citou o depoimento da mãe da vítima, Elvira Maia da Silva. A mulher relatou que, antes de ser morta, sua filha não estava feliz com o relacionamento e que o crime causou profundos traumas nos filhos de Lorrane (ENTENDA O CASO).

Elvira Maia da Silva foi ouvida em uma das audiências sobre o caso realizadas em 2024. Na ocasião, ela contou que a filha não estava feliz morando com o réu e que havia manifestado o desejo de voltar para Rondônia. Ela contou sobre um episódio em que se encontrou com José Edson e disse que chegou a acreditar que ele iria fazer sua filha feliz.

“Eu me lembro como se fosse hoje, que não dá para esquecer, eu sou uma mulher evangélica. Eu peguei nas mãos dele e pedi para ele olhar dentro do meu olho, e falei para ele ‘menino, tu está tirando de mim um pedaço meu, um bem mais precioso que eu tenho. A primeira flor que plantei no meu jardim, o meu primeiro amor. Promete para mim que quando tu não quiser mais ela, tu vai me devolver?’ (...). Ele queria ou fingia querer fazer a minha filha feliz, né? Porque foi isso que ele falou para mim”, disse.

A mãe de Lorrane relatou outra ocasião em que a filha ligou para se queixar de José Edson e disse que o relacionamento deles havia acabado. “A minha filha um dia me ligou chorando ‘mãe, eu não sei mais o que fazer, esse homem está tirando a minha paz’.

Um dia, senhora, a minha filha terminou pelo telefone com esse cidadão aí, não sei nem se pode ser chamado de cidadão, sabe? A minha filha terminou por telefone com ele”, relatou a mulher na audiência.

Elvira também contou que Lorrane já tinha confirmado que iria embora de Mato Grosso. Segundo ela, sua filha planejava deixar o estado no dia em que foi morta por José Edson. Ela contou como foi o dia do crime.

“De madrugada, minha senhora, eu senti uma pontada no meu coração. Foi justamente a hora que esse aí começou a torturar minha filha. Ela ligou, minha senhora, ela ligou pedindo socorro. Eu tenho aqui no meu, nas minhas ligações, no WhatsApp da minha filha. Eu tenho, eu guardo até hoje porque eu preciso ouvir a voz dela, eu preciso. Eu boto os vídeos dela, minha senhora, eu boto a voz dela, a voz dela me conforta ‘bença mãezinha, eu te amo’”, contou Elvira, emocionada.

A mãe de Lorrane também afirmou que o neto caçula, de apenas 5 anos, está fazendo acompanhamento psiquiátrico e psicológico, mas ainda sente muita falta da mãe e constantemente fala “vovó, eu te amo, mas eu queria a minha mãe, eu preciso da minha mãe”. Já o mais velho está agressivo.

“O pequeno, ele só sabe ficar olhando com a nuvem e ele conversa com a mãe dele. Ele fala ‘mamãe, um dia nós vamos se encontrar, mamãe, um dia nós vamos se encontrar, eu queria te abraçar’. O mais velho, ele está agressivo. Ele está agressivo, ele está raivoso, ele quer descontar raiva em qualquer pessoa, sabe? Ele mexeu com o psicológico dos meus netos (...). A mãe dele tem ele, minha senhora. A mãe dele está com ele. E os meus netos, que não tem mais mãe, minha senhora?”, disse.

CRIME BRUTAL

Lorrane foi achada após a polícia ir à sua casa para averiguar o motivo pelo qual os filhos dela terem faltado às aulas dois dias seguidos. A diretora da escola estranhou a situação e foi até a residência, quando um dos meninos falou com a professora, de dentro da casa. Ele relatou que a mãe estava dormindo e o padrasto havia saído para comprar remédio e deixou os menores trancados na casa, que não tinham a chave do portão.

Aos policiais, as crianças falaram que estavam bem, porém, foi percebido que a situação não estava normal. Os policiais então pularam o muro e entraram na casa, quando sentiram o mau cheiro vindo de um dos quartos. A vítima estava no chão, sem vida e com uma faca ao lado do corpo. As duas crianças estavam em outro quarto, em pânico, e foram retiradas do local e entregues aos cuidados do Conselho Tutelar.

O autor do feminicídio foi preso no dia 19 de março, na cidade de Rurópolis, no sul do Pará. Ele foi localizado no guichê de uma empresa de ônibus, na rodoviária da cidade paraense, por uma equipe da PM. José Edson afirmou que cometeu o crime para conseguir usar a digital da vítima e desbloquear o celular dela. O criminoso tinha um registro anterior, de abril de 2022, pelo crime de perseguição, denunciado por outra ex-companheira dele, na cidade de Lucas do Rio Verde (MT).



Fonte: Folha Max

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