De acordo com Musk, o objetivo do chip da Neuralink é ajudar as pessoas a terem os movimentos dos membros de volta
Vilhena, RO - Elon Musk é o homem mais rico do mundo, mas também um dos empresários mais dedicados, com projetos futurísticos e, na visão de muitos, ousados. E uma de suas empresas é a Neuralink, que trabalha com estimulação cerebral. Com ela, o bilionário quer implantar chips em pessoas com paralisia cerebral para que assim elas consigam controlar objetos com o pensamento.
Em maio desse ano, a Neuralink teve a aprovação da Food and Drug Administration dos Estados Unidos (FDA) para fazer testes em humanos. E mesmo com as várias dúvidas a respeito da segurança desse chip, Musk diz que a tecnologia será a solução para aqueles que sofrem com lesões na coluna vertebral e portadores de ELA (esclerose lateral amiotrófica).
O objetivo principal da implantação do chip é fazer as pessoas que perderam os movimentos dos membros do corpo voltarem a ter uma mobilidade através de softwares que irão ser controlados por impulsos cerebrais.
Chip cerebral
Embora isso já pareça ambicioso por si só, os planos de Musk não são apenas esses. O bilionário também quer conseguir ajudar as pessoas que perderam outras funções corporais, como por exemplo, a visão, audição ou a fala.
Por isso que ele quer expandir a forma como o ser humano vivencia o mundo ao ser redor. O esperado é que o chip também seja útil para as pessoas que não tem nenhum problema de saúde ou deficiência.
“O principal objetivo de interfaces como o Neuralink é substituir ou restaurar funções úteis para pessoas incapacitadas por distúrbios neuromusculares, como ELA, paralisia cerebral, acidente vascular cerebral ou lesão da medula espinhal”, explicaram os autores do artigo “Interfaces Cérebro-Computador em Medicina”, Jerry Shih, Dean Krusienski e Jonathan Wolpaw.
De acordo com Philip Sabes, neurocientista fundador a Neuralink junto com Musk, anteriormente o chip poderia fazer efeitos na melhora do humor. Por conta disso, ele poderia ser usado no tratamento de problemas de saúde mental, como por exemplo, a depressão.
Contudo, membros da comunidade científica tem uma preocupação com relação aos testes do chip. Isso porque uma investigação mostrou que mais de 10 macacos tiveram infecções crônicas, paralisia, inchaço cerebral, além de outros efeitos colaterais depois que o implante estava neles.
É possível?
Esse chip foi considerado oficialmente uma Interface Cérebro-Computador (ICC). Ele é uma pequena sonda com mais de três mil eletrodos ligados em fios flexíveis mais finos do que um fio de cabelo.
O plano de Musk é conectar o cérebro com computadores para que o download de informações e memórias seja possível, assim como visto em “Matrix”. Além disso, o bilionário também quer que o chip da Neuralink seja usado para alcançar a telepatia humana. De acordo com ele, isso ajudaria os humanos a serem superiores no caso de uma guerra contra a inteligência artificial.
Por mais que Musk tenha praticamente todo o dinheiro do mundo disponível, isso é realmente possível? A resposta curta é: não. “Não podemos ler a mente das pessoas. A quantidade de informação que podemos decodificar do cérebro é muito limitada”, disse Giacomo Valle, engenheiro neural da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
Esse é o mesmo ponto de vista de Juan Alvaro Gallego, pesquisador de ICC no Imperial College London, no Reino Unido. “O problema fundamental é que realmente não sabemos onde ou como os pensamentos são armazenados no cérebro. Não podemos ler pensamentos se não entendermos a neurociência por trás deles”, pontuou.
Em 2019 Musk apresentou a tecnologia Neuralink. Na época, ele usou um porco com o chip implantado no cérebro e um vídeo em que um macaco jogava pong com sua mente. No entanto, o potencial dessa tecnologia é muito maior do que os animais jogando.
De acordo com Gallego, originalmente a tecnologia foi feita para ajudar as pessoas paralisadas por lesões na coluna ou com síndrome do encarceramento, que é quando o paciente está consciente, mas não consegue mexer nenhuma parte do seu corpo a não ser os olhos.
“Se você [pudesse] traduzir sua comunicação interna em palavras em um computador, seria uma mudança de vida. Nesse tipo de caso, os chips são projetados para registrar sinais elétricos de neurônios no córtex motor e, em seguida, enviar os sinais para um computador onde são exibidos como texto”, disse Gallego.
“Os cientistas também mostraram que podem ler a intenção do córtex motor de desenhar uma letra. Usando modelagem complexa [com o computador conectado], isso permitiu que participantes paralisados digitassem 10 palavras por minuto, o que foi um avanço”, continuou.
Contudo, até o momento as ICCs existentes são usadas somente em casos especiais e a tecnologia da Neuralink foi testada somente em animais. “Todas as aplicações clínicas das ICCs ainda estão em fase de pesquisa e ainda não foram implementadas na prática clínica”, destacou Valle.
Fonte: Fatos Desconhecidos
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