Para Pires, a diferença agora para o que ocorreu no início do ano, quando os combustíveis tiveram de ser reajustados para cima, é que o dólar está menos valorizado em relação ao real, e somente uma alta mais expressiva da commodity pressionaria a empresa a realizar novos aumentos.

“A notícia ruim é a redução da Opep. A notícia boa para o Brasil é que o resultado do primeiro turno (das eleições) reduziu o câmbio e uma coisa pode anular a outra”, explicou.

Depois de cair para cerca de R$ 5, em meados de setembro, o dólar voltou a se valorizar frente ao real antes do primeiro turno das eleições, mas voltou a cair após o pleito e opera abaixo dos R$ 5,20 no mercado à vista.

Em alta

Para o presidente da Abicom, Sérgio Araújo, com a defasagem de preços, será difícil segurar os preços internos, apesar da proximidade do segundo turno das eleições. “Com o corte pela Opep os preços devem continuar subindo”, avaliou.

O último reajuste do diesel pela Petrobras ocorreu há duas semanas, uma queda de 4,07%, e da gasolina há um pouco mais de um mês, uma redução de 4,8%, e seguem um novo ritmo de reajustes adotado pelo atual presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade.

O consultor de gerenciamento de risco da Stonex, Pedro Shinzato, acredita que a estatal não deve mexer tão cedo nos preços. “Nos últimos reajustes, tanto para cima quanto para baixo, a Petrobras tem sempre sido muito cautelosa.

Espera o mercado internacional ‘firmar’ em um novo patamar antes de reajustar e, quando reajusta, faz apenas parcialmente (tanto para cima quanto para baixo)”, avaliou. “Nos parece extremamente condizente com o que a diretoria da empresa aponta, de que não ‘importam volatilidade externa’, ou seja, só fazem reajuste quando há mudanças estruturais, e não conjunturais”, afirmou.

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para amenizar a alta de preços da estatal, após duas gestões bastante criticadas pelo governo - do general Joaquim Silva e Luna e José Mauro Coelho -, Paes de Andrade, em pouco mais de dois meses de gestão, já reduziu o preço da gasolina quatro vezes e o diesel três vezes, aproveitando uma janela da queda do petróleo que permitiu a redução de preços por critérios técnicos. Agora, avaliou Pires, o mercado terá de esperar para ver como os preços da Petrobras vão se comportar diante de um cenário de alta.

Fonte: Estadão