Enquanto doença avança em estados brasileiros, agência de saúde britânica – primeiro local a relatar casos do novo surto – comunicou a desaceleração de novos diagnósticos
Vilhena, RO - Nesta sexta-feira, o Brasil ultrapassou dois mil casos da varíola dos macacos, um crescimento de 188% no número de diagnósticos em comparação com o total de duas semanas atrás. Segundo a última atualização do Ministério da Saúde, são 2.004 registros no país, além de 1.962 suspeitas em monitoramento. No dia 22 de julho, 14 dias antes, eram 696 pessoas infectadas.
De acordo com as informações da pasta, há casos confirmados em 20 estados e no Distrito Federal. São Paulo é o mais afetado, com 1.501 diagnósticos. Em seguida, está o Rio de Janeiro, com 230; Minas Gerais, com 81; Goiás, com 38; Brasília, com 37; Paraná, com 36; Rio Grande do Sul, com 20; Bahia, com 15; Pernambuco, com 10; Santa Catarina, com 7; Ceará, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo, com 5 cada; Rio Grande do Norte, com 4; Amazonas, com 3; Mato Grosso, com 2, e Acre, Pará, Tocantins, Paraíba e Piauí, com 1 cada.
Além das contaminações, o Brasil tem um registro de óbito. O paciente, de 41 anos, tinha um quadro de imunossupressão devido à quimioterapia para tratamento de um linfoma e morreu no dia 28 de julho em Belo Horizonte, Minas Gerais. Foi a primeira vítima do surto atual, que registrou mais dois óbitos na Espanha, um na Índia e um no Peru.
Segundo acompanhamento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), já são mais de 28 mil pessoas infectadas pelo vírus monkeypox em ao menos 88 países. Os EUA, lugar mais afetado pela doença no momento, com mais de 7.500 casos, decretaram emergência de saúde nacional na última quinta-feira.
O anúncio veio 12 dias depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar, no último dia 23, a varíola símia como emergência de saúde pública internacional, nível máximo de alerta do órgão atualmente atribuído à Covid-19 e ao esforço contínuo de erradicação da poliomielite.
Reino Unido dá sinais de estabilidade
O Reino Unido – primeiro lugar fora do continente africano, onde a varíola dos macacos é endêmica, a detectar casos da doença – começou a dar sinais de estabilidade no avanço do vírus monkeypox. Desde o dia 6 de maio, quando os primeiros registros foram identificados, que rapidamente se transformaram num cenário de transmissão comunitária, foram 2.859 pessoas contaminadas.
“Embora os dados mais recentes sugiram que o crescimento do surto diminuiu, não podemos ser complacentes. Esteja atento e verifique se há sintomas de varíola, incluindo erupções cutâneas e bolhas”, alerta a diretora de Infecções Clínicas e Emergentes da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA), Meera Chand, em comunicado divulgado nesta sexta-feira.
A desaceleração dos novos casos da doença acontece pouco mais de um mês após o Reino Unido dar início à vacinação de “indivíduos com maior risco de entrar em contato com a varíola dos macacos”. Assim como em outros países, são imunizados profissionais da saúde, pessoas expostas ao vírus e homens gays, bissexuais e que fazem sexo com outros homens.
Isso porque, embora todas as pessoas possam ser contaminadas, as autoridades de saúde chamam a atenção que esse público representa a grande maioria dos diagnósticos. Além disso, a maioria dos eventos de transmissão estão sendo ligados a relações sexuais, possivelmente pelo contato pele com pele que já é um meio de contaminação conhecido para a doença.
No Brasil, é esperado o recebimento de 50 mil doses de vacina por meio da compra conjunta de países americanos organizada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). De acordo com o Ministério da Saúde, é prevista a entrega de pouco mais de 20 mil doses na primeira remessa, em setembro, e as demais em novembro.
Os imunizantes serão destinados inicialmente apenas a profissionais de saúde e a contatos próximos de pacientes com a doença. Como o período de incubação do vírus monkeypox – tempo entre a infecção e o surgimento dos sintomas – é longo, podendo chegar a três semanas segundo a OMS, a estratégia de vacinar pessoas que podem já ter sido contaminadas é eficiente, uma vez que há tempo para estimular o sistema imunológico e ao menos prevenir desfechos mais graves.
A vacina utilizada, chamada de Imvanex na Europa e Jynneos nos Estados Unidos, é a mesma utilizada para erradicar a varíola tradicional na década de 80. De acordo com a OMS, a eficácia para a versão atual é de cerca de 85% já que os vírus são semelhantes e oferecem proteção cruzada – os anticorpos de um protegem contra infecção pelo outro.
Fonte: O Globo
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