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Com decisão do STF, imprensa não terá como informar as causas do acidente aéreo que provocou três mortes no Cone Sul de RO

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Pecuarista e filho de 11 anos estavam a bordo do avião que caiu nas proximidades de Vilhena

O jornal publicou reportagem no início deste mês relembrando a tragédia com três pessoas do Cone Sul de Rondônia mortas em um episódio que ganhou destaque em todo o país: o site noticiou que o acidente aéreo que matou um dos maiores da região e seu filho de 11 anos, continuava sem respostas.

Ao relembrar o caso, que teve outra vítima, a namorada do piloto pecuarista, este site pontuou que o desastre seguido de suicídio completou um ano sem que as autoridades que o investigam revelassem o que aconteceu.

Pois agora, graças a uma decisão tomada ontem pelo STF, mesmo que a apuração do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) revele as causas da queda da aeronave a bordo da qual estavam pai e filho, a imprensa não terá como dar a informação.

Ao impedir que os laudos emitidos pelo órgão técnico sejam usados contra empresas aéreas (o que provavelmente inclui também fabricantes de aviões), a não ser com autorização, a Corte dificulta o acesso da imprensa e até mesmo de familiares de vítimas de acidentes aeronáuticos aos relatórios (LEIA ABAIXO e entenda).

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu ontem que relatórios de investigação de acidentes aéreos produzidos pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) devem ser mantidos sob sigilo e só podem ser utilizados em ações contra companhias aéreas caso haja autorização judicial.

O QUE ACONTECEU

Tribunal manteve proibição por nove votos a um. Apenas Flávio Dino foi contrário. A ministra Cármen Lúcia não se pronunciou porque teve de sair no meio da sessão.

STF julgou ação que questionava mudanças no Código Brasileiro da Aeronáutica. Processo foi movido pela Procuradoria-Geral da República contra mudanças feitas no texto, entre elas a proibição de usar para fins judiciais investigações conduzidas pelo Cenipa. Ação começou a ser julgada em 2021 e foi retomada após o acidente com o avião da Voepass, em Vinhedo (SP), que vitimou 62 pessoas.

O código prevê que as análises e as conclusões da investigação não podem ser utilizadas como provas em processos judiciais. Texto também diz que o material só deve ser fornecido com autorização judicial. As apurações do Cenipa tem objetivo de prevenir outros acidentes por meio da identificação dos fatores que tenham contribuído, direta ou indiretamente, para a ocorrência. A abordagem é diferente, por exemplo, da usada em investigações policiais.

Processo começou a ser julgado em setembro de 2021, no plenário virtual. Após o voto do relator, Kassio Nunes Marques, Moraes pediu destaque. Com isso, o caso teve que ser levado para o plenário físico. Na sessão de ontem, Moraes seguiu o entendimento de Kassio e manteve as alterações no código.

Foi o entendimento da maioria dos ministros. Cenipa segue padrão internacional de investigações de acidentes aéreos, voltados a buscar maneiras de se prevenir novos acidentes, e não com o intuito de apontar responsáveis pelo ocorrido.

“Prevenir a perda de vidas futuras é mais valioso do que punir pelas perdas de vidas passadas. Não que sejam desimportantes, mas é irremediável”, disse o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, ao anunciar o resultado do julgamento.

ACIDENTE EM 2006 MOTIVOU MUDANÇAS

Mudanças questionadas pela PGR ocorreram após acidente entre voo da Gol e um jato Legacy. Acidente ocorrido em 2006 vitimou todos os 154 passageiros. Jato Legacy era pilotado por dois pilotos americanos e se chocou com Boeing 737-800 que fazia a rota Manaus-Brasília.

PGR defendeu que investigações da Aeronáutica deveriam ficar mais acessíveis. Pediu na ação que o STF invalidasse a proibição do uso do conteúdo das apurações do Cenipa como provas em processos judiciais e a necessidade de autorização judicial para acesso a informações "que deveriam estar disponíveis para outros órgãos e entes estatais". Mas teve a tese vencida hoje pelos ministros.






Fonte: Folha do Sul com Uol

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